... e não me venha com chorumelos!

Insanidades e afins postadas pelas mentes mais obscuras que rondam o meio virtual.

domingo, maio 21, 2006

De Plastico



Salve, Salve malfadada audiencia. Ha tempos nao dou uma cutucada nesse estabelecimento tao bem administrado pelo Chaffeur. E sao tempos bons para mostrarmos o quanto somos articulados. E a populacao de Sao Paulo com o cu na mao, e a populacao de imigrantes nos EUA com o cu na mao, e o resto do mundo futebolistico com o cu na mao na copa que se aproxima e o Barcelona ganhando com o cu na mao com um gol de Belletti, um jogador mediocre que nasceu com o cu virado para a lua. Tem tanto "cu" por ai que para nao que me pegar como o Portugues da cancao dos Mamonas e exclamar, "passaram a mao na minha bunda e ainda nao comi ninguem," precisei dar as caras por aqui. E agora que sou um cabra letrado e diplomado, passo os assuntos de primeira pagina aos especialistas de plantao, aqueles que o critico e filosofo frances Pierre Bourdieu chama de "fast thinkers" - e claro que esse rotulo foi traduzido do frances para o lexico anglo-saxao ou voce consegue imaginar um pensador frances trocando queijo, maca e vinho por um Mc Lanche Feliz?

Falando em Fast Food em forma de informacao, eu quero aqui discutir arquitetura. Mas por favor, nao pense que sei aplicar tons pasteis ou baitolices dessa extirpe. O fato e que eu viajava pelo interior da California dia desses e me bateu uma asca tremenda. Naquelas terras planas, no qual basta subir no teto solar do carro para avistar a divisa com o Oregon, um atras do outro grandes condominios de casas opulentas como as ostentadas pelas classes mais abastadas brasileiras demarcavam o territorio. Casas que revelam aspectos inerentes desse bicho escroto que e o americano. Nao me refiro apenas ao valor monetario, mas a falta de alma e identidade que esse tipo de construcao representa. Uma apos a outra, as casas - que sao grandes e verdade - tem uma aparencia falsa, pre-fabricada, com um toque brega e de mau gosto que so quem tem dinheiro mas nao tem cepa pode atingir. Afinal, dizia a minha mae, "ser pobre, tudo bem. O duro e ser rico e ter mau gosto."

E dentro daquele conforto nao ha quem se distingua, porque tudo emula formas e texturas, produto da liquidacao mais barata no Home Depot mais proximo.
Quem le essas linhas deve imaginar que esse badameco que aqui escreve mora num palacete, o que esta longe de ocorrer. Caminhando pelo resto da cidade e tendo contato com os locais, constatei que as casas sao apenas uma parte de um universo falso que se constroi nas entranhas do universo americano. Pequenas lojas e negocios locais nao fazem parte da paisagem, sendo engolidos por grandes shoppings tambem pre-fabricados no qual grandes conclomerados comerciais se aglomeram localmente. Um McDonald's puxa um Starbucks, que puxa um Best Buy, que puxa um Taco Bell... Uma versao comodificada de um campo de refugiados. Por que ali todos se refugiam de suas identidades. Todos em troca do gozo material rejeitam o invididual, ainda que a estrategia das grandes corporacoes seja proclamar o evangelho do invidualismo. Producao em massa do diferente.

E e ai que voltamos a falar de arquitetura, por que quando voce entra num predio em Florenca, por exemplo, voce sabe que aquilo esta ali ha 500, 600 anos e com identidade propria, reafirmando a diferenca entre um homem e uma capivara.
E para nao me assacarem de baitola viajado, afirmo que ate as cidadezinhas no interior do Brasil que so tem uma igreja e uma praca possuem identidade propria que conta a historia de uma comunidade. Nos EUA, as identidades sao atemporais. Passado e futuro nao se conectam ao presente, pois consumir e um ato estritamente ligado ao agora. Aquelas casas e blocos comerciais representam o preenchimento da identidade cultural por marcas.

Ao entrar no bar onde terminei a noite tudo fez enorme sentido com alguns pares de seios. Entre rostos falsos, de expressoes falsas, e conversas fadadas a terminarem num silencio que morre afogado num copo de cerveja, nao pude deixar de reparar na quantidade de siliconadas no local. E embora peitinho seja sempre peitinho, especialmente cobertos com chantilly, as peitolas falsas sao como as casas pre-fabricadas no que concerne o vazio cultural americano. Sao iguais, pre-fabricados, rigidos e distorcem natureza e o tempo.
E para nao dizer que nao falei de flores, elas tambem eram de plastico.
...e nao me venha com chorumelos!

1 Comments:

Blogger o desprepucioso said...

pois é, nunca havia pensado em peitinhos como casas. siliconados. embora peitinhos sejam peitinhos

...e não me venha chorumelado!

23:56  

Postar um comentário

<< Home