... e não me venha com chorumelos!

Insanidades e afins postadas pelas mentes mais obscuras que rondam o meio virtual.

sexta-feira, maio 26, 2006

Pernas-de-Pau e seus Treinadores Importados

Joguei muito videogame nas ultimas 24 horas e acabei fritando os neronios literarios nesse vicio pos-moderno. E claro que passei o tempo todo jogando Winning Eleven, pois se nao posso ser o craque que gostaria de ser na vida real, ao menos no imaginario teria que dar certo. E ainda posso jogar de pijama e nao sentir aquela dor do lado esquerdo. Levei meus chorumelos para o chofer sobre minha falta de ideias e foi ai que num momento de epifania o nobre amigo me cantou a bola 7.

A globalizacao e um fenomeno contemporaneo que adoramos citar quando queremos encerrar um assunto que nao entendemos muito bem, ou cujo teor nossas bolsas escrotais nao tendem a suportar. Os candidatos a Avallone logo se apressam para esbaforidos decretarem, "Na era da globalizacao o Brasil exporta futebol." Boa, aspirante a Dr. Osmar! Afinal, somos o pais da bola, nao?

Mas calma la, contenha-se nessa camisa de estampa esfuziante, jovem comentarista.
O caso de Felipao e dos outros 3 tecnicos brasileiros treinando selecionados gringos pouco se relaciona a essa visao a la James Lull sobre futebol (ah, nao sabe quem e James Lull? Que tal parar de ler so sobre futebol?). Claro que um belo emolumento ao final de 30 dias e de muito bom grado, mas a razao para que um tecnico como Felipao trocar chimarrao para treinar 23 abichanados lusos que chamam telefone celular de telemovel, ou que faz Zico deixar o ensolarado Rio para dar ordens a um grupo de candidatos a dubles do Jaspion, e de ordem egocentrica. O Felipao so treina Portugal porque, assim como no videogame, ele ja ganhou com o time bom no nivel mais dificil e agora tenta repetir o feito com times de pernetas. E como um passatempo para aumentar a dificuldade. O estipêndio e apenas um bonus.

Claro, Alexandre Guimarães que comanda a Costa Rica, ou Marcos Paquetá que se aventura na Arabia Saudita estao mais para desbravadores do que para vencedores, mas va la. O sujeito que nasce e cresce na terra da cuica ja viu futebol de bom nivel que chega. Para ver se conseguem espantar a aperreação, estucho, maçada e trabuzana esses cidadaos procuram novos ares onde a pelota sofre em canelas alheias. Somente chatos e mimados como o Zagallo, que deve ter sido aquele tipo de crianca que comeca a chorar quando perde no pique-esconde, e que ficam a vida inteira jogando com o melhor time.

Quase sempre nossos tecnicos apreendem que pegar o timeco na vida real nao e como videogame, portanto, o nabo preenchendo o rabo e quase inevitavel. Parreira sabe bem disso. Depois de largar o Brasil campeao de 94, pegou a risoria Arabia Saudita em 98. Saiu de la chamado de mijote, pituba, retranqueiro entre outros. Oprobrio mesmo, no entanto, considero que passam os treineiros que conseguem levar sacolada jogando com times bons, como o imortal Lazaronni.

A essa altura o criterioso leitor deve estar cocando a moleira e exclamando, "po, mas isso nao e um fenomeno brasileiro." Correto. E e exatamente isso que prova que globalizacao e uma explicacao de suplemento da Veja. Quem sai de paises onde a gorduchinha e tratada com mais afeto procura mesmo aventuras em terras de bacurais. O alemao Otto Pfister no Togo, os holandes Guus Hiddink com a Australia, Dick Advocaat com a Coreia do Sul e Leo Beenhakker com Trinidad e Tobago, os franceses Henri Michel com a Costa do Marfim e Roger Lemerre com a Tunisia e o argentino Ricardo "Cafageste" Lavolpe no Mexico. Hiddink, alias, parece ter pegado gosto pela coisa, pois o quarto lugar com a Coreia na ultima Copa parece ter sido uma daquelas noites gloriosas em que se fica jogando videogame mais do que se espera. Aquelas noites que no imaginario afetado geram estorias para serem contadas a viciados como voce no dia seguinte, mesmo sabendo que o interlocutor estara cagando e andando para o que sera falado.

No futuro poucos estarao se importando se alguem treinou sem sucesso Togo ou Trinidad e Tobago, por que o que vale e ganhar. Aos perdores o mundo reserva apenas asca, mas tem cabra maluco e corajoso por ai. O que dizer de Bora Milutinovic, servio muito louco com cara de professor de matematica que nunca ganhou com times classe A mas que ficou famoso por treinar timecos em 5 copas consecutivas?! A constar, ele treinou Mexico (86), Costa Rica (90), EUA (94), Nigeria (98) e China (02). Sao 20 anos da vida que ele perdeu gritando com candidatos a cone e tentando ganhar com pernas de pau. Ja imaginaram ele na selecao brasileira? Por hora, ele que contente-se com a vaguinha de colunista arrumada aqui no Chorumelos.

Agora com licenca que voltarei ao videogame. A Irlanda do Norte me espera!

...e Poe Neles Brasil!