Os "Anti-selecao" (Os Chatos de Galocha Parte 1)

Toda vez que penso no assunto minha unha do dedao do pe esquerdo que naturalmente tende a encravar da uma latejada. Afinal mais chato do que aquela unha que deixa as meias manchadas de pus sao os sujeitos com tendencia a contrariar o que seria a ordem natural das coisas, aqueles verdadeiros malas que torcem contra a selecao. Esses sujeitos que se refocilam no antagonismo sao o mijo no chopp, a nota desafinada na cuica, a broxada em dia de uma bela estlingada. Mas nao tem jeito, parece que sempre vai haver um espirito de porco que aparece com a camisa de outro selecionado alegando qualquer tipo de desculpa para abracar um escrete que nao o canarinho.

Olha, to tentando fazer esse texto nao soar carrancudo porque de cara feia bastam as das mulheres que os colunistas desse blog se metem, mas vamos la. O fenomeno do contra parece ter crescido muito nos ultimos anos e merece ser colocado na vitrine da vergonha. Isso me leva a imaginar o seguinte: o cabra que diz torcer contra a selecao so pode ter nascido depois de 94. Quem viu aquela selecao do Lazaronni em 90 nao comete o despauterio de azedar a selecao. Quem testemunhou o hiato de futebol de alto nivel na selecao entre 87 e 94 nao deseja nunca voltar aquele inferno, no qual a camisa canarinho parecia mais estar beje de vergonha. Meu irmao, o choro de alegria e muito mais doce que as carrancas da derrota e do ostracismo. So que tem gente que nao se lembra disso e ja nasceu vendo a geracao vencedora que se estabeleu depois de 94, acreditando que vitorias do Brasil sempre aconteceram e acontecerao. Permita-me usar o lexico anglo-saxao, essa geracao de torcedores que cresceu mimada simplesmente "take for granted" as vitorias do Brasil, entao o bonito fica ser torcer contra.

Torcendo contra, esses malas se sentem especiais. Acham que dessa maneira provam que discutem tudo e sobre tudo com elegancia. E como diria o mestre Falcao, isso somente explica a baitolagem congenita. Ja descorri sobre o tema em outras oportunidades nesse blog, mas essa urgencia pela diferenciacao nada mais e do que a pressao que o individuo sofre nesses tempos de consumo, no qual identidades coletivas sao fragmentadas. Deixando um pouco de lado essa visao "Robert Bellah" desses malas (ah, tambem nao sabe quem e Bellah? Que tal ler o caboclo ao inves de torrar o saco secando o Brasil?) nao fica muito dificil adivinhar de qual classe social emana essa asca pela selecinha. Sao os cabras letrados da classe media que adoram vestir a carapuca de politizados, mas que de concreto mesmo so batem punheta. O geracao chata essa que cresce colecionando camisas!

A selecao vencendo nao ira melhorar a situacao do pais, assim como o fracasso da selecao nao abrira olhos de ninguem. Uma coisa e uma coisa, outra e outra coisa. Perdoem-me pelo cliche, nao resisti. Do contrario a humilhacao na copa de 66 teria tirado os milicos do poder antes mesmo do AI-5. Entao, caro "do contra" nao fique nessa pagando de intelectual letrado. Ate mesmo Antonio Gramsci era chegado numa peleja e certa vez falou que o futebol e o ''reino de lealdade humana exercida ao ar livre''. Palavras vindo de um cara preso por fascistas na epoca em que a selecao italiana, sua terra natal, era o equivalente da selecao brasileira. Torcer pela selecao brasileira nao significa passar recibo a atual situacao socio-economica da terra que Cabral pensou ter descoberto.

Bom, ja que toquei no nome do portuga que chegou aqui em 1500, vale deixar registrado que toda essa quizila pela selecao tambem tem um carater historico, muito mais distante que o mr. antagonismo ai imagina. E praxe haver um abismo entre cultura popular e cultura de elite. Ja comprovava isso Theodore Adorno ao escrever sua repulsa por musica popular ou a propria proibicao do samba ha 100 anos atras. A selecao brasileira e uma coisa do povao, todo mundo torcendo junto - dos mais bitolados no esporte bretao a minha mae, que ainda acha que o Bebeto joga. Entao tem muito abichanado "letrado" que nao quer dividir alegrias com todo mundo. Alguns desses chatos de galochas (alias, adoro essa expressao embora o significado literal nao me faz muito sentido) proclamam que nao precisam da selecao pra gritar campeao ou que nao tem graca todo mundo torcendo junto. Isso e medo de se misturar com a massa. A famosa visao elitista do unico esporte realmente empolgante ( e vamos combinar que a elite do Brasil e um grupinho de merda) O "bao" da selecao e torcer de suvacada!

Po, to puto que minha analise sobre torcedores anda maior do que sobre os times da copa, mas ainda nao acabou. Alguns dizem nao ver identidade num grupo formado por jogadores que atuam fora do pais. Ah, entao o negocio e torcer pra Italia, Argentina, Inglaterra, Rep. Tcheca, "o caralho a 4"(outra expressao boa). Afinal ta cheio de estrangeiro atuando aqui no pais, ne?
Quem consegue achar essa identificacao e nem ao menos decendente e, tem serios disturbios de personalidade. Porque desses malas que clamam essa identificacao com selecionados gringos, quantos sabem aspectos da cultura local? Quantos sabem, ao menos, falar "perna-de-pau, "frangueiro", "beque-de-fazenda" e "tratar a gorduchinha com amor" nas respectivas linguas? Entao, nao me venha com chorumelos! Por ser uma geracao mimada, quero apenas acreditar que esses chatos do sofrem de ejaculacao precoce. Ou seja, estamos tao acostumados a vitorias da selecao que torcer contra funciona como uma especie de escudo psicologico em caso de derrota. E tipica cena o Brasil perder e vir o espirito de porco com um sorriso amarelo e um olhar de quem cheira coco e falar, "eu nao disse?"

Pra efeito de comparacao, quem ja pode sair do pais, sabe que muito pouco dessa marrentice toma conta dos torcedores de outros selecionados. O erro da selecao brasileira foi, acima de tudo, ter criado torcedores mimados e frescos. Depois nao entendemos porque ate os clubes da Suazilandia tem torcedores fanaticos que apoiam o tempo todo, enquanto no Brasil o time que carrega a torcida. De certo, em dia de jogo os chatos sao trancafiados e obrigados a assistir o equivalente da "Praca e Nossa". Fora isso, e de causar molestia latente na bolsa escrotal sair do pais e ter que ouvir provocacoes e piadinhas de gringos sobre o nosso selecionado que nada mais sao do que um coquetel de cagaco e dor-de-viuva. Por isso que sou selecao sempre, dentro ou fora do pais.

E para findar esse manifesto anti-chatos, e sempre bom deixar registrado que esse tipo de individuo se comporta como um parasita, pois em caso de triunfo gente dessa laia vai querer beber e comer na conta alheia. Para finalizar com mais um grande filosofo, parafraseio Ratinho: "Aqui nao, aqui tem cafe no bule!" Do contra nao merece celebrar em caso de vitoria e merece toda a responsabilidade pela derrota.

...e Poe Neles Brasil! (inclusive nos secadores).