Delirios e Baitolices Latino-Americanas
Chorumelos, mais forte que o Renan no Senado, volta com mais um antropologico escrito que nos faz refletir sobre o latinismo (favor nao confundir o termo com algum tipo de secto comandado pelo perigote carioca). O impavido Chauffeur, mestre na arte de cagar em publico, ja contou aqui nesse mesmo endereco como se sentiu parte da Latino America na sua epopeia para defecar nas instalacoes do metro paulistano. Na ultima semana, foi a vez desse que aqui lapida essas palavras realizar ser um carbonario desse mundo ao sul dos EUA.
Tudo ocorreu no dia do prelio entre Brasil e Uruguai (chupa!). Como ja dizia um pensador italiano, cujo nome apesar de me faltar no momento vale sempre a pena para citar para impressionar meninas proletarias num pre tete-a-teta, confraternizar com a classe media e mergulhar na lama da mediocridade. Tudo na classe media e, ora pois Manuel, medio. Sendo assim, em plena terra dos falcoes americanos, eu tinha que escolher entre ver a partida com a classe trabalhadora ou as classes mais abastadas, com seus seres pensantes, curiosos e generosos. Alem do fato de que ver futebol com pobre e mais legal, minha decisao foi baseada no simples fato de que naquela terca-feira jogava-se o jogo das estrelas do beisebol. Logo, o americano genuino voltaria as suas atencoes para o jogo que reune homens sob o efeito de anabolizantes, vestindo calca apertada branca e cujo resultado final produz um bando de estatisticas inuteis. Tava feito: Sem Acentos foi parar num bar mexicano. Bar, nao. Buteco (com "u" mesmo).
Duas mesas de sinuca ao fundo, posters de clubes campeoes mexicano de toda decada de 90, trofeus em prateleiras, e muito barulho. O "Jukebox" desfilava grandes exitos da musica mexicana-mariachi. "Pón-Pon-Pón-Pon." E, cabron, na America Latina e festa todo dia. Tequilla na cabeca e o jogo ia comecar. O recinto foi enchendo de homens, todos mansamente controlados pela unica mulher no local, que ficava atras do bar. Mesmo lancando olhares "te fodo agora frangote," mesmo tendo levado tapinha na bunda e beliscao carinhoso na cintura, ela comandava a budega com maestria. Com muito timing, diga-se de passagem. Ela sempre aparecia no momento em que eu me sentia mais fragilizado psicologicamente no jogo para dizer: "Mas cerveza?"
O jogo rolava e nada da musica ou do barulho ceder. Foi ficando cada vez mais alto o som ambiente, amplificado por um grupo que torcia abertamente para o Uruguai. Foi quando no meio de todos aqueles 50 homems trabalhadores Machos (maiusculo mesmo) provedores de suas familias, colou no balcao um cabra com cara de porteiro de puteiro Salvadoreno. Sapatos bem polidos, brinquinho do lado esquerdo, bigodinho meticulosamente aparado. "Foi penalti?", ele soltou.
"Nao, penalti e quando e dentro da area." A referida falta tinha sido no meio-campo. Ele ficou encarando. "Mas, qual a diferenca entre o futebol europeu e o sulamericano?"
Puta que pariu. Era so o que faltava. Uma bixinha latino-americana me xavecando durante uma semi-final de Copa America. Se com mulher fazendo pergunta estupida durante jogo que nao vale nada a tolerancia ja e baixa, o que dira de uma biba oriunda das profundezas obscuras de uma das ex-colonias Ibericas?
"Cada pais joga de um jeito." E sai dali de perto. Nao e a toa que dizem por aqui que a diferenca entre um gay e um mexicano seja duas cervejas. Para os 50 machos ali, basta uma birita e alguem disposto a ceder. O trabalhador bracal mexicano gosta de cu e barulho. Se o dono do furaco for mulher e um bonus.
Sai de perto tambem porque arrumar confusao num bar daqueles seria catalizar uma cena digna de briga de filme. Por essa razao, havia decidido adotar uma postura low-fi durante a partida. Durou ate o primeiro gol, quando gritei em bom portugues: Chupa! A proxima tarefa era nao ser esfaqueado pela hora seguinte, especialmente depois que uma figura adentrou o bar e ja foi desligando a "Jukebox" para melhor ver a pelada.
O hombre tinha a famosa tatuagem da virgem de Guadalupe no braco direito, que caracteriza ex-presidiarios, cavanhaque, e o contorno da cabeca raspada para que a franja jogada para traz com brilhantina fizesse a cobertura. Logo cantaram a bola para ele, apontando para mim: "es brasileno." Eu pensei, "agora o veio dancou..."
Para minha surpresa, ele me cumprimentou e disse "Brasil es Brasil," e passou a torcer junto comigo pela selecao canaria. Vitoria nos penales. Ele me saudou novamente, parabenizou e ainda convidou para ir la e torcer pelo Mexico no dia seguinte. Pelo visto tem gente cansada de dar e comer a mesma rosquinha naquela birosca.
Mesmo assim, nesse terreno ambiguo, macho e biba, animado e perigoso, me senti de fato pertencente a America-Latina, terra da herpes e da cirrose. Palomon que nao me ouca, mas existe terra mais dubia do que essa?
Em tempo: Quando notifiquei uns amigos o recinto aonde acompanhei a partida, fui repreendido. O bar realmente e famoso por brigas, tiros, facadas...
... e nao me venha com chorumelos.
Tudo ocorreu no dia do prelio entre Brasil e Uruguai (chupa!). Como ja dizia um pensador italiano, cujo nome apesar de me faltar no momento vale sempre a pena para citar para impressionar meninas proletarias num pre tete-a-teta, confraternizar com a classe media e mergulhar na lama da mediocridade. Tudo na classe media e, ora pois Manuel, medio. Sendo assim, em plena terra dos falcoes americanos, eu tinha que escolher entre ver a partida com a classe trabalhadora ou as classes mais abastadas, com seus seres pensantes, curiosos e generosos. Alem do fato de que ver futebol com pobre e mais legal, minha decisao foi baseada no simples fato de que naquela terca-feira jogava-se o jogo das estrelas do beisebol. Logo, o americano genuino voltaria as suas atencoes para o jogo que reune homens sob o efeito de anabolizantes, vestindo calca apertada branca e cujo resultado final produz um bando de estatisticas inuteis. Tava feito: Sem Acentos foi parar num bar mexicano. Bar, nao. Buteco (com "u" mesmo).
Duas mesas de sinuca ao fundo, posters de clubes campeoes mexicano de toda decada de 90, trofeus em prateleiras, e muito barulho. O "Jukebox" desfilava grandes exitos da musica mexicana-mariachi. "Pón-Pon-Pón-Pon." E, cabron, na America Latina e festa todo dia. Tequilla na cabeca e o jogo ia comecar. O recinto foi enchendo de homens, todos mansamente controlados pela unica mulher no local, que ficava atras do bar. Mesmo lancando olhares "te fodo agora frangote," mesmo tendo levado tapinha na bunda e beliscao carinhoso na cintura, ela comandava a budega com maestria. Com muito timing, diga-se de passagem. Ela sempre aparecia no momento em que eu me sentia mais fragilizado psicologicamente no jogo para dizer: "Mas cerveza?"
O jogo rolava e nada da musica ou do barulho ceder. Foi ficando cada vez mais alto o som ambiente, amplificado por um grupo que torcia abertamente para o Uruguai. Foi quando no meio de todos aqueles 50 homems trabalhadores Machos (maiusculo mesmo) provedores de suas familias, colou no balcao um cabra com cara de porteiro de puteiro Salvadoreno. Sapatos bem polidos, brinquinho do lado esquerdo, bigodinho meticulosamente aparado. "Foi penalti?", ele soltou.
"Nao, penalti e quando e dentro da area." A referida falta tinha sido no meio-campo. Ele ficou encarando. "Mas, qual a diferenca entre o futebol europeu e o sulamericano?"
Puta que pariu. Era so o que faltava. Uma bixinha latino-americana me xavecando durante uma semi-final de Copa America. Se com mulher fazendo pergunta estupida durante jogo que nao vale nada a tolerancia ja e baixa, o que dira de uma biba oriunda das profundezas obscuras de uma das ex-colonias Ibericas?
"Cada pais joga de um jeito." E sai dali de perto. Nao e a toa que dizem por aqui que a diferenca entre um gay e um mexicano seja duas cervejas. Para os 50 machos ali, basta uma birita e alguem disposto a ceder. O trabalhador bracal mexicano gosta de cu e barulho. Se o dono do furaco for mulher e um bonus.
Sai de perto tambem porque arrumar confusao num bar daqueles seria catalizar uma cena digna de briga de filme. Por essa razao, havia decidido adotar uma postura low-fi durante a partida. Durou ate o primeiro gol, quando gritei em bom portugues: Chupa! A proxima tarefa era nao ser esfaqueado pela hora seguinte, especialmente depois que uma figura adentrou o bar e ja foi desligando a "Jukebox" para melhor ver a pelada.
O hombre tinha a famosa tatuagem da virgem de Guadalupe no braco direito, que caracteriza ex-presidiarios, cavanhaque, e o contorno da cabeca raspada para que a franja jogada para traz com brilhantina fizesse a cobertura. Logo cantaram a bola para ele, apontando para mim: "es brasileno." Eu pensei, "agora o veio dancou..."
Para minha surpresa, ele me cumprimentou e disse "Brasil es Brasil," e passou a torcer junto comigo pela selecao canaria. Vitoria nos penales. Ele me saudou novamente, parabenizou e ainda convidou para ir la e torcer pelo Mexico no dia seguinte. Pelo visto tem gente cansada de dar e comer a mesma rosquinha naquela birosca.
Mesmo assim, nesse terreno ambiguo, macho e biba, animado e perigoso, me senti de fato pertencente a America-Latina, terra da herpes e da cirrose. Palomon que nao me ouca, mas existe terra mais dubia do que essa?
Em tempo: Quando notifiquei uns amigos o recinto aonde acompanhei a partida, fui repreendido. O bar realmente e famoso por brigas, tiros, facadas...
... e nao me venha com chorumelos.
1 Comments:
Hey, vê se não morre, tá legal.
Eu preciso ir a mais churrascos com mais cerveja que eu posso aguentar.
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