... e não me venha com chorumelos!

Insanidades e afins postadas pelas mentes mais obscuras que rondam o meio virtual.

domingo, agosto 28, 2005

L.e.i.a..C.h.o.r.u.m.e.l.o.s



sexta-feira, agosto 26, 2005

Homenagem Póstuma



De pré retorno das prolongadas férias ao qual nós colunistas do chorumelos nos submetemos (pois não temos patrão), não poderia me furtar de homenagear aquele que deu nome ao alicerce do pensamento "chorumeliano", e que agora se encontra na terra do pé junto. Sim, o ator Francisco Milani cantou o coco no último dia 13, deixando apenas seu legado artístico e seus seguidores. Autor da frase "...e não me venha com chorumelos!", Milani interpretou singularmente as peripécias intelectuais de um típico burocrata no personagem de "Pedro Pedreira" na falecida escolinha do professor raimundo. Além de ator, narrador e dublador, Milani foi um homem ativo da vida política brasileira, levando consigo até o momento de sua baixa a bandeira do PC do B, partido o qual integrava. Deixa-nos saudades, e a lição de que frente a qualquer verdade dita...

...há controvérsias!

terça-feira, agosto 09, 2005

Memória em Chamas

Ao ler a nota de falecimento do ex jogador de futebol Jair Rosa Pinto, o "Jajá", soube que seu corpo seria cremado no fim da tarde. Para os que não conhecem, ele era titular desastre do Maracanã em 50, ou o Maracanazo.



Ora, cremado? Que injustiça, um jogador que coloecionou títulos com as mais respeitadas camisas de times brasileiros, jogou ao lado de Pelé pelo Santos e defendeu a seleção (que na época ainda não era canarinho), não terá uma morada enterna na terra.

Existe algum lugar na nossa constituição que proibe, a profanação de corpos humanos. Acho esse negócio de cremar tão vil quanto qualquer outro tipo de profanação. Além do espetáculo pirofágico e cruel de destruição da corpo humano, tal ato ainda priva aqueles que por ventura quiserem ter um lugar determinado para se sentir mais perto ou orar. E mais, tantos os que ficam como o que vai, têm retirado o direito de uma representação da presença do segundo no globo terrestre. Estou certo que se os parentes e amigos vissem a pessoa sendo cremada ficariam traumatizados pelo resto de suas vidas.

Minha querida desafeta literária pode dizer que se víssemos um ente querido em decomposição também ficariamos traumatizados. É verdade, mas primeiro, seria a natureza e não nós que destruiríamos seu corpo, segundo, só poderíamos vê-lo neste estado caso retirássemos de sua cova após algum tempo. Coisa que não seria possível com o dito reduzido a cinzas.

Algo que li, que não sei se merece crédito, é que o costume de jogar as cinzas no mar tem causado probelmas ambientais. O que me preocupou é que, no caso deste jogador, a familia irá pedir para que suas cinzas sejam espalhadas pelo Maracanã. Torço para que isso não aconteça, pois mesmo não tendo visto a copa de 50, sei que corremos um risco muito grande ao deixar sua sombra se eternizar no gramado da maior tragédia brasileira. E tenho certeza que todos que viveram aquele momento certamente concordarão comigo.

… e não me venha com choumelos!


prometeu_chorumelos@yahoo.com.br

terça-feira, agosto 02, 2005

Pirandello, assassinos e chorumelos

certa vez um amigo me disse que seus melhores textos eram escritos após o banho, ainda úmido de toalha. até cheguei a tentar tal técnica, mas o máximo que consegui foi deixar minha cadeira úmida - pois bem, você então, leitor desavisado, pergunta qual a relação disto com o título. fato: tive esta idéia durante o banho (aliás, quantas idéias não surgiram neste simbólico cômodo domiciliar) e não conseguia encontrar maneira de introduzi-la. por isto este intróito.
feito o intróito, deve vir a apresentação. mas não sou nem um Camões – aliás, nem poderia comparar-me a tal figura – então continua enrolando. é que antes do banho lia Pirandello, na verdade não ele, mas o livro Um, nenhum, cem mil. não cabe aqui relatar todo o conteúdo do livro, mas resumo que ele conta de Vitangelo Moscarda, italiano, tantos anos, residente da rua tal e tal, no ano de tal e tal, em Richieri, Itália. este que no livro era um, mas se descobre dois, então muitos, cem mil até e por fim nenhum. o negócio é que um dia nos sabemos de um jeito que achamos ser absoluto e depois podemos vir a descobrir quantos realmente somos – sorte que Moscarda nos mostra o tortuoso caminho do saber-se (e suas possíveis conseqüências).
é que nessa de se saber a qualquer custo podem nascer seres incríveis ou simplesmente não nascer – como o Moscarda que ao final do livro de usurário, Gengê e sabe mais lá o quê. explico melhor: ele ao descobrir que tinha o nariz torto para a direita (vejam bem, para a direita), percebe que não é visto pelos outros da mesma maneira que ele se vê; se assusta então com a gama de Moscardas que haviam dentro dele sem ao menos saber – o doloroso despertar (como em Matrix para ser mais atual). eventualmente o chamariam de louco.
loucos, dementes, muitas vezes assassinos. não que ele tenha se tornado um assassino – aliás até tentaram matar o pobre. mas é que muitas vezes convém dizer que um assassino é também louco, desregulado, etc. que seja dito: assassinos foram consumidores de haxixe que matavam líderes sunitas e cristãos. Moscarda não consumia haxixe, nem matava líderes; aliás, se matou, matou-se e só.
e daí lembrei que existem pessoas que matam por literatura, assassinos literários (não, não que sejam escritores ruins) que matam pela bíblia, pelo corão, pelo torá, por manifestos, por hinos, por juramentos, até mesmo depois de ler o apanhador no campo de centeio. esses estão indo longe demais, buscando mensagens divinas. Pirandello me deu motivos de sobra para achar em mim motivos para matar – assim como para você achá-los em você. mas não vou tão longe, sou de bem. porém e quanto a todos esses outros loucos assassinos que saem de bibliotecas melhores armados do que de lojas especializadas. em tempos de referendo, acho que talvez fosse melhor questionar a venda destes livros, imagine só: justificar-me por um louco de nariz torto à direita. e olha que em alguns lugares seria um bom álibi. confessa que matou? sim. por quê? porque não era eu, era outro eu que não eu.
não que estes atos precisem ser necessariamente de assassínio físico, por assim dizer. de genocidas convictos a delitos pequenos, quantos não poderiam se justificar pela literatura? digo desde já: é proibido proibir, mas é que o ser humano é assim, encontra razões nos mais improváveis cantos e daí, da menor transgressão ao ato culminante, bastariam alguns parágrafos. imagine você, terminando de ler este humilde post e saindo por aí, transgredindo. talvez tenha exagerado. talvez não fosse eu.
mas é que em tempos de CPI fico pensando se não foram outros eles que roubaram e propinaram e negociaram e emprestaram – porque é impressionante como de repente ninguém sabe de nada. mas será que é possível ser outro por tanto tempo, tão freqüentemente? será que eles também leram Pirandello? o cabelo que bóia em minha sopa é descuido ou conspiração? melhor ficar na dúvida.
...e não me venha com chorumelos!