A Turma do Chinelinho

Enquanto nada de mais acontece no clima pré Copa em que estamos (além do corte do Edmílson) é de prache rechear o blog que textos de temas aleatórios e construtivos. Aproveito então para tratar do fenômeno "chinelinho" que faz parte da cultura brasileira. Incluir algum jogador de futebol na chamada "turma do chinelinho" equivale a insinuar que o mesmo ou adora muito uma coçação de saco e vive dando desculpa pra não treinar ou está constantemente bixado e vive entrando e saindo do departamento médico do clube mesmo. O matador Romário foi em vida futebolística um exemplo da chinelisse voluntária.

Fácil seria se fácil fosse e se resumisse a isto. A síndrome do chinelo por incrível que pareça está presente nas mais diferentes camadas e atividades sociais. Por exemplo, todo dia após tomar meu chá das cinco, saio para minha corrida no parque próximo de casa. Como se deve fazer, logo que chego já procuro uma trave para fazer um bom aquecimento. É impressionante o número de nego que fica lá na área de aquecimento só fazendo cara de quem vai aquecer, dá uma volta, conversa com os outros da turma, faz dois ou três movimentos e já sai andando em circulos com cara de que precisa se aquecer mais. Faço meus 60 minutos de exercício na pista, e quando retorno a área de aquecimento os mesmos boçais estão lá ainda aquecendo. O pior é que quando você ameaça chegar perto de uma das traves, sempre um chinelinho já vem se aproximando para ensaiar exercício naquela trave e com aquela cara de mamão mimoso puxar assunto a fim de fazer amizade e arrastar mais um para o submundo da facilidade.

Tem também a turma do "tercinho", seriam os chinelinhos da igreja, aqueles que vão à missa e ficam do lado de fora conversando. Me pergunto pra que. O nego se arruma, se ajeita, segue todo santo fim de semana pra missa e quando chega lá fica do lado de fora trocando idéia com os demais chinelos de Cristo. Tal qual no parque se preparam para nada. É por isso que quando em casamentos vou trajando camisa de time de futebol. E também por que matrimônio é sempre no fim de semana, e no fim de semana tem jogo, de preferência no horário do casório pra atrapalahar.Essas horas remonto ao meu tio, que em um momento de extrema tensão durante a partida pelas quartas-de-final da Copa de 94 num Brasil x Holanda chegou a declarar: "Se essa porra tiver prorrogação não vou no casamento, se for pros penaltis não tem cerimônia!" Detalhe, ele era o noivo.

...e põe neles Brasil!