Crise dos Dandis
Só a título de comentário, estou cagando e andando pra crise dos aeroportos nacionais, ou melhor, estou achando até engraçado. Tirando a lástima pela qual parece passar a categoria dos tais controladores de vôo, é espantoso todo holofote que se põe em cima das horas de atraso que a galera anda enfrentando nos aeroportos.
A situação trabalhista dos encarregados do tráfego aéreo há de se resolver agora que se escancarou a crise, como qualquer outra situação no Brasil só se resolve depois do fundo do poço (previdência, inflação, corinthians...), mas a perrenga que as pessoas acostumadas a andar de avião estão passando e as cenas proporcionadas são impagáveis. Explico.
Nestes últimos anos adquiri o infeliz, excitante, apaixonante, sujo e obrigatório hábito de andar de ônibus, em uma rota que apesar dos poucos 400Km de ótimas estradas me tomava de 7 à 8 horas do dia em que viajava, devido às baldiações. E nestes mesmo anos assisti de tudo, passagens aumentarem de forma galopante, motoristas dormirem estrategicamente em trechos retos de estradas que conheciam, diversos pneus furados, uma batida em automóvel, duas em moto e uma em um animal, privada que dava descarga em refluxo, ataque epilético, crianças choronas e é claro, o cerne da questão: filas faraônicas, saídas atrasadas, viagens canceladas e uma entrada em ônibus para minha cidade em feriado de corpus christi que daria inveja à mais fiel cena cinematográfica da retirada de Saigon.
Os relatos e apelos dos infelizes que tenho visto nos noticiários são dignas de cenas da TV pirata, daquelas sobre a decadência da classe média.
Cena 1, uma madame, óculos de aro grosso, batom vermelho pôr-do-sol, e rímel borrado aos prantos:
- Zente! Isso é um absurdooô, é impressionante como nós temos que estar sujeitos a isso. Eu estou aqui há duas horas(!) e não consegui embarcar. (É que a senhora não imagina como estão as rodoviárias)
Cena 2, uma gorda que quanto mais câmeras se aproximavam mais ela chorava e berrava:
- Meu feriado na costa do Sauipi! Meu feriado! O que eu faço agora?! Gentem! To perdendo as diárias. (Rodou gorda, vai pra Santos).
E por aí foi. Gente que tinha passagem de avião de distâncias que poderiam ser feitas de ônibus, gente dormindo em saguão, gente, gente, gente...
Quero mais que se foda, nunca vi em noticiário as zonas que ficam as rodoviárias. Nunca vi protesto por causa de aumento de preço de passagem de ônibus. Diariamente quem freqüenta ônibus sabe das diversas falcatruas e injustiças que acontecem em adiantamento e atraso de embarque, e nunca foi motivo de drama. Graças a Deus não preciso atualmente freqüentar nenhum nem outro.
Agora só falta o pessoal dos aeroportos, os sem-vôos, se meterem a andar de ônibus enquanto os aeroportos estão zuados. Nem venha gentalha. Não quero ter que dividir minha poltrona com alguma madame de roupa de oncinha e perfume Channel....sou muito mais aquela freirinha fedida, o gordo que ronca, o cordial peão fedido que nem cachorro molhado, etc.
...e não me venha com chorumelos!
3 Comments:
Rodou gorda, vai pra Santos
Cara, essa me fez passar mal de tanto rir.
Falando sério. Vc tocou no ponto da questão. Se é pobre eles querm que se arrebente mesmo.
E é este mesmo povo que adora fazer baldeação em Heatrow para qualquer outro destino na Europa. Acha charmoso.
Abraços
Poooourra, sensacional!Esperando 2 horas? Que drama. Vai ver a fila do ISS, madama!
Bom, muito bom.
Chauffeur, experimente pegar o trem de São Paulo qualquer dia destes, você perceberá que o buraco do transporte não tem fundo, uma lástima.
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