Tem coisas que só acontecem no Brasil mesmo. As novas diretrizes a respeito da classificação etária obrigatória do governo às emissoras de Tv para evitar a exibição de conteúdo inapropriado em horário idem é tão rídicula quanto às manifestações das emissoras, leia-se Globo, e da comunidade artística. Artistas aliás que ultimamente têm se aventurado além da conta em protestos e manifestações toscas em Brasília e adjacências, o último fora aquela briga pela divisão de uma teta governamental com os esportistas. É impressionante como as diversas classes brasileiras têm sempre a necessidade vital de alguma muleta estatal para se manterem, o que deveria servir para viabilizar apenas projetos realmente inviáveis econômicamente a curto prazo é na verdade uma partilha ordinária.
Isso é do sangue. É de berço. Ao passo que numa tal sociedade aí uma criança com 6 anos descobre que juntar limão caído no chão, investir alguns cents em açucar, adicionar água e vender como limonada dá dinheiro limpo e noção de lucro exorbitante, por aqui a criança descobre que ficar balançando vareta e jogando bola pra cima no sinal dá dinheiro também. Do tipo, o muleque te olha e pede dinheiro com aquela cara de "você sabe que não é pelo malabaris, eu sou um problema social, me dá o dinheiro...". Enfim, alguns crescem e continuam balançando varetas e pedindo dinheiro...mas montas maiores em instâncias oficiais. E poraí vai.
Saindo do parênteses e voltando a cartilha da classificação etária, creio que é indispensável sim, mas é algo que parece tão óbvio que não acreditamos algumas vezes que esteja em destaque agora. Qualquer um que já assisitiu ao menos uma vez um filme ou programa em Tv fechada nesses últimos 15 anos sabe que qualquer canalzinho em portunhol exibe o famoso "Este filme contém cenas de: Sexo, Estupro, Drogas, Violência e Sexo com Cones (não é aconselhável para algumas audiências)", o que nos faz é claro pregar os olhos pra ver de perto... e também permite que toquemos a petelecos na orelha qualquer criança cabeçuda que esteja perto e que não queiramos que cresça deturpada como nós. Passa-se depois de um certo horário e foda-se.
Mas não é simples, pois é Brasil. Em vez do debate e congruência entre as entidades...não, o nego já bate de frente chamando de censura. Tal qual o caso da poda do site Youtube pelos adevogados do cara que pilou a Ciscarolla publicamente. Puta negócio imbecil, acompanhei o caso e fiquei possesso...não leitor, não pela censura do site, mas sim pelo que chamo de processo-Brasil. O que aconteceu no caso Ciscarolla? Pois bem, o adevogado do comedor pediu que fossem tomadas providências para a retirada do vídeo da rede sabendo que era impossível, tendo como objetivo, é claro, arrancar uns trocados processando alguém no fim da stória. Daí vem a cena:
Um desembagadô qualquer acorda e diz: "Eu vou resolvê isso" e balança seu relógio no pulso.
O tal desembagadô, atualizadíssimo, modernérrimo e a par das tecnologias atuais pergunta para um acessor:
-Onde é que tá esse tar vídeo?
-Num site da internet. (acessor)
-Que site?
-Youtube. (acessor)
E expede o absurdo documento proibindo o acesso dos brasileiros ao site, sem saber o que é o site do Youtube, qual o conteúdo do site, o que é upload, o que é site e que mágica seria necessária para cumprir a ordem... imaginando que por detrás do tal "Utubi" esteja um maquiavélico criminoso pervertido responsável pelo vídeo e divulgação. O pior não é isso. Acompanhei todo o prazo até a entrada em vigor da ordem do desembagadô, e pelo raio que parta o pastor que chutou a santa, não teve um cristão que chegasse no desembagadô e dissesse: "Senhor, com licença...não é bem assim." ou que tomasse alguma medida cabível nas entranhas da justiça nacional para esclarecer a ordem. E é claro, pra completar a cagada e finalidade de meu exemplo do caso Ciscarolla, a mídia em geral em vez de acenar com o entendimento do equívoco da ordem, preferiu ficar tinindo os dentes, batendo os garfos e contando regressivamente o término do prazo, do tipo cantarolando "Lá lá lá...não vamos falar nada, mas quando entrar em vigor cou chamar de censura...lá lá lá."
Enfim, e como não pode faltar, num país onde uma mesma CPI tem um "Marcos Valério" e um "Marcus Valerius", onde uma CPI tem um sujeito chamado "Jacinto Lamas" e onde a Ellen Gracie não quer se procunciar sobre o assunto enquanto a novela das oito não chegar ao fim, o destaque vai para um ministro do STF que está no cerne do debate a respeito da classificação de conteúdo e horários de sacanagem das Tvs... e que tem a manha de se chamar "Eros Grau". Pronto, resolvam a questão e botem o nome do ministro na lei que vai regular isso, "Lei Eros Grau". Puta que pariu, isso é Brasil.
...e não me venha com chorumelos!